A decisão de sair do aluguel e comprar o imóvel próprio é uma das decisões financeiras mais importantes da vida de uma pessoa.

Por ansiedade, ou falta de educação financeira, muitas pessoas acabam se precipitando na hora de comprar um imóvel, se endividando no momento errado de suas vidas, prejudicando consideravelmente a sua capacidade de formar patrimônio ao longo da vida.

Este artigo tem três objetivos: (1) explorar as vantagens e desvantagens entre morar de aluguel e comprar o imóvel próprio; (2) ajudar você a tomar a decisão mais acertada considerando sua situação financeira atual e (3) esclarecer sobre os “requisitos” que você deve atender para saber se está ou quando estará no momento adequado para tomar a decisão de sair do aluguel e comprar o imóvel próprio.

Vantagens do imóvel próprio

1) Financeiramente, em muitos casos, é mais interessante você pagar as parcelas do financiamento de um imóvel próprio do que viver de aluguel, ainda que a parcela do financiamento seja mais alta em relação ao aluguel, pois ao comprar um imóvel próprio você está formando patrimônio e excluindo o custo mensal do aluguel.

“ah mas eu vou pagar mais de duas vezes o valor do imóvel em um financiamento”

Sim, você pode pagar duas ou até três vezes o valor do imóvel ao financiá-lo. Em um financiamento de R$ 600.000 em 360 meses (30 anos) a um juro anual de 10%, por exemplo, você terá pago quase R$ 1.500.000,00 ao final do período.

Mas o ponto é: estamos comparando com o aluguel.

Contratos de aluguel, geralmente, são corrigidos por algum índice de inflação (o IGPM, ou o IPCA). Nos últimos 20 anos, o IGP-M teve uma evolução média de 7,2% ao ano, enquanto o IPCA cresceu a uma média de 5,6% ao ano.

Ou seja, o seu aluguel também sofre correção ao longo dos anos. Você também paga algumas vezes o valor do imóvel que você aluga, com a diferença que você não é o proprietário desse imóvel.

2) Uma vez que você compra um imóvel, você se beneficia de toda a valorização que o mesmo tiver. Imóveis são ativos sólidos, que historicamente se valorizam além da inflação, principalmente quando bem localizados.

Por mais que você pague duas vezes o valor do imóvel ao financiá-lo, seu imóvel também pode mais do que dobrar de valor ao longo do período do seu financiamento.

3) Emocionalmente, o imóvel próprio também envolve algumas vantagens, como o fato de que você pode usufruir dele a partir do dia 1 da compra (caso tenha sido comprado já pronto), ainda que tenha pago apenas parcialmente pelo mesmo.

O imóvel costuma ser um grande motivo de satisfação pessoal. Ter um espaço onde podemos mobiliar, decorar ao nosso gosto e desejo, é motivo de felicidade para muitas pessoas, além de também ser um fator de valorização do bem.

Na mesma linha, para muitas pessoas é importante a sensação de segurança de ter um lugar próprio, que considera como um “lar” para ela e sua família, com o qual poderá contar.

Quando não é uma boa ideia comprar um imóvel?

Agora que já exploramos as vantagens de possuir um imóvel próprio, vamos detalhar os critérios que você e sua família precisam atender antes de decidir pela compra de um imóvel. Também abordaremos situações nas quais ainda pode não ser a melhor opção deixar o aluguel para adquirir um imóvel.

Começando pelos seguintes erros:

Erro 1

Um dos maiores erros que as pessoas cometem ao comprar um imóvel é concentrar todo (ou quase todo) o seu patrimônio no imóvel, abrindo mão de sua liquidez.

Exemplo: com a entrada no imóvel, a pessoa praticamente esgota a sua reserva e não consegue mais poupar porque quase toda sua renda está indo para pagar o financiamento.

Se essa pessoa tiver um contratempo financeiro, não vai ter liquidez, correndo o risco de ficar inadimplente e ter o seu imóvel tomado pelo banco. Esse é o principal motivo pelo qual o mercado de leilões de imóveis é tão aquecido.

Erro 2

Um dos motivos mais comuns para a compra de um imóvel é quando um casal decide ter um lugar próprio. Na busca por um bom lugar, o casal faz uma dívida cujas parcelas apenas consegue pagar quando combina suas rendas.

E então, em uma situação de briga, separação, em um momento de estresse e desentendimento, o casal deixa de pagar as parcelas, ficando inadimplente e acaba tendo o imóvel tomado pelo banco antes mesmo de conseguir vendê-lo.

A lição aqui é: apenas de endivide se você tiver capacidade financeira própria de arcar com aquela dívida, sem depender de ninguém, pois no pior dos casos, você pode anunciar o imóvel enquanto continua pagando as parcelas e quando vendê-lo, quitar o saldo devedor e dividir o valor que sobrar de acordo com o regime da união.

Erro 3

Se você está em uma fase profissional que pode exigir uma certa flexibilidade geográfica, a compra de um imóvel próprio talvez não seja a melhor opção para o seu momento de vida.

Se você está considerando uma oportunidade de negócio, uma promoção, ou uma mudança de emprego que possa exigir realocamento, o aluguel pode oferecer a flexibilidade necessária sem o peso financeiro de precisar vender um imóvel de última hora, muitas vezes em condições de mercado menos favoráveis, e não te colocar sob o risco e dilema de alugar um imóvel que você comprou para você mesmo. A liberdade de mudar de residência pode ser um fator crucial para aproveitar oportunidades de crescimento profissional.

Como saber o momento certo de comprar o imóvel?

Aqui estão alguns critérios essenciais que você deve atender para confirmar que está no momento ideal para tomar essa decisão.

São algumas perguntas que você deve fazer a si mesmo:

• Você possui uma reserva financeira de pelo menos 6 meses do seu custo de vida mensal, além do valor da entrada no imóvel? Você não deve concentrar mais que 90% do seu patrimônio em um imóvel.

• O seu trabalho (e do cônjuge) ainda exige (ou pode exigir) flexibilidade geográfica?

• O imóvel será adequado a possíveis necessidades da sua família (filhos, espaço maior, localização) por pelo menos mais alguns pares de anos?​

• Você é capaz de arcar com a parcela do financiamento apenas com recursos próprios (sem considerar a renda do cônjuge)?

Se a resposta foi positiva para todas essas perguntas, então você está em um momento adequado para tomar essa decisão.

Como otimizar financeiramente a decisão de comprar um imóvel?

Para tornar a decisão de comprar um imóvel financeiramente otimizada, você deve alinhar o seu objetivo ao ciclo das taxas de juros.

Por se tratar de um passivo geralmente de 15 a 30 anos, a condição do financiamento que você contratar vai ter um impacto significativo no seu planejamento financeiro.

Lembre-se que os juros compostos também afetam o seu financiamento.

Atualmente (abril de 2025), a taxa média de um financiamento imobiliário nos bancos comerciais está na faixa de 11% a.a.. Entre 2018 e 2021, e 2009 a 2013, a taxa média dos financiamentos esteve na faixa de 9% a.a.

Em um financiamento de R$ 600.000,00, por exemplo, você pagaria uma diferença de mais de R$ 200.000,00 apenas em juros (2% a.a.).

Portanto, alinhar a sua meta de comprar o seu imóvel ao ciclo econômico, pode te economizar um bom dinheiro, o qual investido e rendendo a juros compostos, pode gerar um valor futuro ainda mais significativo.

Conclusão

Comprar um imóvel nunca será uma decisão 100% financeira, mas não deve ser uma decisão puramente emocional tampouco, ignorando os efeitos que ela pode ter sobre a sua vida financeira.

Espero que este artigo tenha fornecido clareza e auxiliado no seu processo de decisão, seja você um futuro proprietário de imóvel ou um inquilino satisfeito. Em última análise, a melhor escolha é aquela que alinha suas necessidades pessoais e financeiras, proporcionando paz de espírito e segurança para você e sua família.

Se você tiver interesse em discutir sobre as suas metas pessoais de forma personalizada e como alinhá-las ao seu planejamento financeiro, convido você a preencher o formulário nesse link com os seus dados, que entrarei em contato o mais breve possível para agendar uma consulta gratuita.

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Arthur Falcão

02/04/2025